GRAVURA E AS POSSIBILIDADES TÉCNICAS
No campo da gravura contemporânea se apresentam múltiplos caminhos e possibilidades em que são utilizados recursos tradicionais (a gravura como gravura), bem como a incorporação de meios digitais, a fotografia, entre outros procedimentos. A gravura é uma linguagem artística que se flexibiliza e vai de encontro com outros meios de expressão, confrontando-se com múltiplas inversões e transformações das regras e consequentemente dos conceitos.
XILOGRAVURA
Trata-se da gravação de uma imagem sobre uma matriz de madeira, resultando em impressões em preto e branco ou em cores. É chamada de impressão em relevo, pois a tinta é depositada nas partes elevadas da matriz, enquanto que as áreas rebaixadas pelos cortes, não recebem tinta. Pode-se fazer várias cópias de uma mesma matriz, que é denominada de tiragem, as quais são numeradas e assinadas a lápis. (1/10, por exemplo, significa que são feitas 10 impressões da mesma imagem)
FERRAMENTAS E MATERIAIS
– Goivas: são as ferramentas utilizadas para a gravação das imagens;
– Rolos de borracha: para a entintagem da matriz com tinta tipográfica a base de óleo ou água;
– Impressão: manual (colher de madeira) ou prensa;
– Papéis: pode-se utilizar de diferentes gramaturas, desde os papéis específicos japoneses (mais finos) a gramaturas maiores.
FERRAMENTAS | GOIVAS | GRAVAR | AFIAR
MATRIZES | FERRAMENTAS | GRAVAÇÕES
DESENHOS | IMAGENS | PAPÉIS | TINTAS
ALGUMAS TÉCNICAS
Em preto e branco
Gravação de uma matriz, na qual as áreas sulcadas/ gravadas da superfície, geram os brancos (o fundo o papel) e as áreas elevadas, os relevos são entintados com tinta preta, formando a imagem.
Cromoxilogravura
São usadas várias matrizes, uma para cada cor, impressas através de sobreposições, resultando em uma imagem de várias cores.
Matriz perdida ou eliminação de cores
Uso de várias cores a partir de uma única matriz, desenvolvida em várias etapas: inicia-se com a gravação dos brancos, imprimi-se a cor mais clara (no total da tiragem); na etapa seguinte grava-se a cor já impressa sobre o papel; imprime-se a cor seguinte sobre as primeiras cópias, e assim sucessivamente, até que a imagem esteja concluída.
Colagravura
São matrizes confeccionadas a partir de recortes, colagens de papéis, texturas, tecidos, plásticos, possibilitando a exploração de superfícies, texturas para a produção de imagens.
Gravura sobre cartão
São gravuras criadas a partir de papel cartão.
Materiais alternativos
Linóleo, eucatex, mdf – não possuem a textura peculiar da madeira, resultam em impressões lisas e chapadas.
CALCOGRAFIA OU GRAVURA EM METAL
É uma gravura feita a partir de uma matriz de metal (cobre/ latão/ zinco), sobre a qual o gravador abre sulcos, ranhuras, texturas, cujas marcas são transferidas mediante pressão sobre o papel. A calcografia é chamada de impressão a entalhe, pois a tinta é depositada nos sulcos, nos entalhes da matriz, sendo estes os formadores das imagens, depois de impressas com a prensa de rolo. Atualmente são utilizados matrizes alternativas de acrílico, plástico, pvc, etc.
TÉCNICAS, FERRAMENTAS E MATERIAIS
São dois procedimentos básicos: diretos e indiretos
As técnicas são denominadas de ponta seca, buril e maneira negra – por extensão, as técnicas recebem o nome dos instrumentos utilizados.
Químicos: incisão indireta: duas técnicas básicas denominadas de água-forte e água-tinta, cujas imagens são gravadas com o uso de ácidos ( percloreto de ferro);
Água forte: neste processo a matriz, depois de polida e desengordurada, é coberta com uma camada uniforme de verniz (neutrol) para posteriormente, desproteger áreas com um instrumento (sem ponta), criando o desenho a ser gravado pela corrosão do ácido. As características da água forte apresentam valores gráficos de linhas, texturas, entre áreas claras e escuras.
Água tinta: neste processo a matriz, depois de polida e desengordurada, é pulverizada com uma camada de resina (breu), e, por aquecimento do grão, possibilita a sua aderência ao metal. As características da água tinta, são valores de aguadas, sombras e passagens de claros e escuros.
Gravação: em ambas as técnicas, o tempo de imersão no ácido irá criar traços e manchas com diversas espessuras e profundidades. A chapa ao ser retirada do ácido, é lavada em água corrente e limpa com solvente; depois ela é desengordurada para que possa ser impressa sobre o papel previamente umedecido.
LITOGRAFIA E PROCESSOS ALTERNATIVOS
É técnica inventada por Alois Senefelder (1771-1834) que descobriu a possibilidade de criar imagens sobre uma pedra calcária (milenar) para serem impressas sobre papel, dando origem, posterior, ao off-set. As imagens sobre a pedra não nascem de incisões ou sulcos rebaixados na matriz, mas pela ação de ácidos, os quais propiciam o fenômeno químico de repulsão entre gordura e água. Devido à escassez destas pedras, artistas de diversas partes do mundo, buscam meios alternativos de matrizes para produção artística, valorizando as diferentes possibilidades e caraterísticas que cada material oferece, tais como: polyester, offset, whaterless (matriz de offset de descarte), mukolito (matriz de madeira), entre outras.
Nesses procedimentos, embora não possuam a granulação da pedra calcária original, as imagens podem ser trabalhadas com o lápis litográfico, por exemplo, além de integrar imagens digitalizadas, etc. Durante o processo da entintagem, a matriz (exceto no processo whaterless) é umedecida constantemente com esponja litográfica, e a impressão pode ser feita com uma prensa de dois cilindros usada para xilogravura e calcografia.